quinta-feira, outubro 12, 2006

Decreto

Numa noite clara de inverno, dessas de céu róseo com densas nuvens frias ocultando lua e estrelas, vento machucando a janela lateral do quarto, ela, em companhia de si, disse verbos para agir.


-Disse a si como decreto assinado com cera quente rubra.
-Disse que não mais se escreveria de forma linear.


Passou sessenta noites assim. Abstinência.
Alucinando febril, tremores periféricos, agitação motora, embotamento psíquico.

-Disse então que era mentira.


Mentiu a si mesma para clarear sua verdade, vontade, virtude, de que letras correm e escorrem como sangue. Paradas, coagulam.

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