sexta-feira, abril 27, 2007

Do verbo "curvar"

Houve um tempo em que as cores eram mais nítidas e o chão parecia mais firme. Não havia tantas anotações e nomes e números. No céu só existia lua e eu não voava nos meus sonhos.
O café era menos amargo, o cachorro latia mais grave, o sino da igreja não tocava às 18h15 e caroço de romã trazia sorte.
Neste tempo, as horas passavam sem eu saber, e não sei desde quando só durmo 6 horas por noite.

Percebi que meu pé direito é meio torto e talvez eu tenha calos demais.
Os anéis sempre buscam os mesmos dedos e os cabelos o mesmo embaraço.
Canetas repetem algumas linhas mas os embrulhos possuem outros laços.

Aceito a distância, aceito o cansaço, aceito o esforço, aceito a saudade. Aceito todo aperto e todo abraço. Aceito o que busco e aceito o que acho.
Aceito minha vida e suas curvas.
... e o desespero de amar o certo e o errado, e toda a dignidade de seus motivos.