domingo, maio 23, 2010

Hold My Hand



[medo nº 4]
[e ainda que certos medos se encaixem no meu lugar de encaixe,
não me desvio.
não te aperto.
não nos separo.]


Agora preciso da tua mão,
não para que eu não tenha medo,
mas para que tu não tenhas medo.
Sei que acreditar em tudo isso será, no começo,
a tua grande solidão.
Mas chegará o instante em que me darás a mão,
e não mais por solidão, mas como eu agora:
Por amor.

_ Clarice Lispector.

terça-feira, maio 11, 2010

Valores Humanos: Sathya

Aula de hoje: VERDADE.
E fica posto que...


_ A autenticidade perde amizades, porém ganha amigos.

_ Ninguém tem o direito de usar a sinceridade para magoar os outros.

sábado, maio 08, 2010

Sombras

Dentre várias desordens fisiopsicopatológicas que observo e vivo em mim, talvez esta seja uma das mais dolorosas: o caso é que todo passado para mim foi ontem.
Obviamente isto é péssimo, porque, de alguma forma, aquele passado dito mais 'recente' dá a (falsa) impressão de mais manipulável. Só que isto é propriedade que não pertence a passado nenhum.
Para que serve o passado então? Ele é como uma sombra. Fica ali, sempre ao lado, insistentemente. Por mais que você grite com ele, peça-o para sair ou entrar de vez, ele parece sempre impassível ao seu desespero, seu cansaço, sua saudade. E está sempre ali. Ao lado. Nos mostrando acertos e erros que, por vezes, tentamos inutilmente não enxergar. Mas não tem jeito... Ele caminha conosco e vai crescendo, se tornando mais robusto, à medida que o tempo passa, inexoravelmente.
O presente pertence ao curto espaço do 'agora'. Embora aconteça mais ou menos lentamente, de acordo com a tal relatividade do tempo que afeta nossa percepção, tem, por assim dizer, uma estatura fixa. Agora é agora, e sempre vai ser agora.
O futuro é do tamanho que o imaginamos, e tudo bem se erramos na estatura já que, na verdade, ele nem existe. Ele é moldável e podemos brincar com ele sem necessariamente afetá-lo. Aliás, o futuro é o que menos nos pertence.
Mas, voltando ao passado... Ah, esse não. Esse é todo e inteiramente nosso. Ele tem o tamanho de nós mesmos, com consciência ou não. Ele é o registro dos nossos passos, daquela sucessão de 'agora' que vivemos.
E dá para viver só do presente? A gente só vive mesmo NO presente. Só que quem somos NO presente diz respeito a quem construímos NO passado. Caso contrário seríamos sempre uma folha em branco.
Sabe aquele filme "Como se fosse a primeira vez" (com Adam Sandler e Drew Barrymore)? Imagine não termos passado? Imagine não construirmos nada com o presente? Imagine não registrarmos nossos 'agora' numa cadeia sucessiva de eventos de forma que todo o conhecimento que adquirimos 'agora' seja descartado no 'agora seguinte'?
Olhar para o passado é olhar para nós mesmos. É justamente buscando esta visão que nos conhecemos, nos construímos, nos tornamos aptos a viver 'agora' com propriedade e consciência.
Só que olhar para trás não é fácil. E quanto mais intimidade você cria com seu passado, mais vontade de tocá-lo você tem. E, esquecendo-se de que ele é intocável, sofre... como tudo que é dito impossível faz sofrer.
Todo meu passado ser ontem cria em mim a sensação de que por 1 segundo aquilo que era palpável deixou de ser. E deixou mesmo.



"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo final."

_ Chico Xavier.

segunda-feira, maio 03, 2010

Partida

"E nesta exata medida, prefiro a tristeza da partida a nunca ter me esparramado num abraço..."




_ Rosana Braga.