quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Os 3 Crivos

Certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:
_ Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-lhe.
_ Espera... Ajuntou o sábio prudente - Já passaste o que vais me dizer pelos três crivos?
_ Três crivos? - perguntou o visitante, espantado.
_ Sim, meu caro amigo. Três crivos. Observamos se tua confidência passou por eles.
O primeiro é o crivo da VERDADE. Guardas absoluta certeza quanto àquilo que pretendes comunicar?
_ Bem, assegurar mesmo não posso... - ponderou o interlocutor - mas ouvi dizer, então...
_ Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da BONDADE. Ainda que não seja real o que julga saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou: _ Isso não... Muito pelo contrário...
_ Ah! - tornou o sábio - Então recorramos ao terceiro crivo, o da UTILIDADE, e notemos o proveito do que tanto lhe aflige.
_ Útil não é.
_ Bem - rematou o filósofo num sorriso - se o que tens a me confiar não é nem verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós.